Quarta-feira, 3 de Agosto de 2005

Os mortos que regressam...

Não é bom ver os mortos regressarem ou quererem regressar. Os mortos são e estão mortos. Devia ser assim, porque há uma grande diferença entre o ser e o dever ser. Acerca dos mortos devia ser imposto não regressarem. Há uma lei física sobre isso, o tempo é irreverssível. E se o papa João Paulo II regressasse? Ou se os nossos camaradas regressassem? Se Álvaro Cunhal ou Vasco Gonçalves regressassem? Para quê? Quando morreram já estavam velhos, já não conseguiam acompanhar o mundo. estavam sem força e não compreenderiam. Aliás, o primeiro nunca conseguiu acompanhá-lo e os outros a certa altura foram ultrapassados pelo mundo, pelo desejo, pela plasticidade. Não havia nada a fazer, nem a dizer.
Soa tudo a falso, qualquer tentativa de regresso. Devemos manter um certo silêncio sobre o seu descanso, recato, deixá-los em paz, se não quiserem voltar. São mortos, não têm direito de resposta, de réplica, como se diz na política. Não se diz mal de um morto recente. Nem devemos sequer incitá-los a regressarem. Nem eles devem pensar que algum dia voltarão para reporem o filme.
Passa-se isso com Mário Soares e Cavaco, mortos que regressam, salvadores da pátria. mas que pátria? É certo que não são mortos ainda, são vivos. Mas estão mortos, já caminham para lá. Porque há uma grande diferença entre ser e estar na língua portuguesa. E ainda bem, há coisas que conseguimos compreender melhor sabendo essa diferença. Estes velhos não vão ter tempo de ver o resultado da sua acção. Não podem ser julgados. Veja-se o velho assassino, Pinochet, senil, já não se lembra de nada. E é por isso que podemos dizer que o passado vence o presente e o futuro com o seu regresso.

fernando

publicado por ... às 13:44
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11 comentários:
De Anónimo a 24 de Novembro de 2005 às 19:56
Para discutir estes e outros assuntos visitem o fórum do projecto "Culturas Juvenis e Participação Cívica"

http://cjuvenis.ces.uc.pt/ (http://cjuvenis.ces.uc.pt/)Hugo Dias
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(mailto:hugo@ces.uc.pt)


De Anónimo a 21 de Agosto de 2005 às 03:55
gostava que aqui não escrevessem nada acerca das repúblicas. elas têm um local próprio, feito de autonomia, de solidariedade, de portas abertas e de verdade. de qualquer forma, viva a esquerda sempre e em qualquer circunstância. seco
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(mailto:)


De Anónimo a 21 de Agosto de 2005 às 03:27
essa é a grande questão em aberto, o poder. uma vez lá chegados, devemos acabar com ele. parti-lo e reparti-lo. é preciso abrir uma ferida no poder. se não chegar uma, mais que uma. por isso recuso a política e todos aqueles que se posicionam calculisticamente, anonimamente, sem brilho, sem coragem, remoendo entretanto com ciúmes aqueles que hipoteticamente ocupam o poder que hipoteticamente tanto detestam. porque não lutar? de qualquer forma, gosto de fidel castro, não gosto do bush. este último está no poder há menos tempo. nem por isso deixa de ser um fascista parvo. quanto ao resto, há a dizer ainda que, e usando aquela metáfora bem conhecida, às vezes os mortos regressam com pele de cordeiro. augusto conte dizia que somos governados pelos mortos. alguém minimamente inteligente sabe o alcance das suas palavras. os mortos são a tradição, o passado. a direita gosta do passado. marcelo caetano era o morto que se esforçava por voltar. será que esse passado está completamente morto? infelizmente não.
seco
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(mailto:f_seco@sapo.pt)


De Anónimo a 20 de Agosto de 2005 às 16:02
Porque os mortos nunca regressam. Felizmente.xxx
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(mailto:xxx@mail.pt)


De Anónimo a 20 de Agosto de 2005 às 15:56
E o que dizer dos mortos-vivos que se perpetuam na cadeira do poder (que às vezes nem poder é; é mais um delírio desmedido, desesperado de quem já perdeu a última paragem)? Sim, que dizer desses? Esses nem regressar podem, apenas podem tremer com os regressos que não são regressos.xxx
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(mailto:xxx@mail.pt)


De Anónimo a 10 de Agosto de 2005 às 11:05
até que enfim, a ala esquerda dos Corsários conseguiu acabar com a ala direita. viva a esquerda.

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(mailto:)


De Anónimo a 9 de Agosto de 2005 às 12:25
interessante e impertinente este tema.jokasana maria
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(mailto:aguassantas11@sapo.pt)


De Anónimo a 3 de Agosto de 2005 às 14:06
Gostei mto d ler o teu post..
bem ambos não estão mortos, mas estão certamente fora de prazo para o papel que querem cumprir. O mario soares ja tinha idade para ter juizo e perceber que já teve asua oportunidade e impor novamente a sua presença é quase cortar as pernas à democracia...e o Cavaco..por favor...sem comentarios! Só tenho pena que as pessoas votem neles...pk olham para o partido e não para os representantes que estão a escolher..chama-se a isto "clubite" e axo k nunca vai deixar de existir! :s
bjinhosAna
(http://ambiguidades.blogs.sapo.pt)
(mailto:carolina_pinto@sapo.pt)


De Anonimo** a 30 de Junho de 2007 às 20:18
E se os mortos tiverem q fazer alguma coisa aqui na Terra q ñ fizeram enquanto vivos?
Eu acredito q nos podemos ve-los e ouvi-los.


De ... a 26 de Julho de 2007 às 13:01
mas isso implica acreditar num deus, o deus do regresso dos mortos.


De jueguitos a 14 de Julho de 2008 às 02:02
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