Terça-feira, 26 de Julho de 2005
Viver sabiamente é também estar aí, no meio da complexidade toda do mundo, com uma certa noção, pelo menos, do movimento que as coisas descrevem. Não tenhas medo desse movimento, isso é a política. Mas tem consciência de que é um movimento. Tenta voar acima da política como um pássaro com todos os seus recursos, voa alto. Não te esqueças de agir segundo a liberdade, a tua "vontade boa", não ligues nunca a aparências. Age de acordo com o dever. A tua passagem pelo mundo, sendo pequena, dirá o resto. Não te importes com a rede de interpretações. Não desistas.
Trocando em miúdos, resiste... não esperes demasiado tempo passivamente. Tu não estás morto. E, por favor, não fiques louco, não deixes que a tua mão esquerda se confunda com a direita, nem que esta se imponha no mundo. Podes ficar cansado e, pior que isso, todos podem ficar cansados, eu posso ficar cansado. Ter uma certa paciência é bom, mas se o problema está aí, age na altura certa, já. Que essa altura seja aquela em que tens unicamente em conta uma única coisa, uma ideia rara, nunca tenhas medo. Sê como um felino quando defendes uma ideia da razão. Nunca sejas cobarde.
fernando
Quinta-feira, 7 de Julho de 2005
(Autor Desconhecido - wtc. gif)
Como poderá o Ocidente realizar o seu ideal europeu sem explorar o outro? Impossível. A Europa é por definição "exploração do outro", mesmo do outro que há em si própria. É a natureza de uma identidade continuamente obcecada com a economia, com as centésimas dos números, com o consumo, com a classe média, com a aparência, a especulação. Como poderá acontecer algo assim, transcendente ao Ocidente ou à Europa no interior do Ocidente e da Europa? Sem que percam o seu carácter, sem se desviarem um milímetro de si próprios, sem se tornarem algo de diferente, outros? Impossível.
Existirá ainda elasticidade cultural no meio do betão que o Ocidente construiu em redor de si?
fernando