Numa altura em que se discute a constituição europeia, a sua impossibilidade, valeria talvez a pena pensar nas palavras. Sobretudo redireccionar a nossa atenção para o vocábulo europa. O que é a europa? Ou, mais radicalmente, a Europa é? Há um debate muito interessante, esquecido no seio da filosofia, acerca do significado da europa. Basta começar por ler Derrida, "O outro cabo", particularmente. A Europa, se olharmos o mapa do mundo, quase não existe. Ou, por outra, construiu a sua existência a partir da sua não existência, ou complexo de não existência. A Europa é um lugar pequeno, constituído por países pequenos. É uma espécie de significante à deriva, à procura do seu significado. É um lugar sem opinião formada, de opiniões, descentrado, multivocal. Um significante que entrou numa deriva histórica pelo mundo, que procurou noutros lugares o seu lugar, o seu império. Um lugar que se esqueceu de si. Grande parte da obra de Roland Barthes fala-nos sobre isto, de impérios de significantes perdidos. A Europa procura no outro o seu eu e perdeu-se pelo meio. encontra-se perdida na perdição do encontro. Encontro e (ex)apropriação. Apropriou-se do outro. estabelecendo aí a sua colónia.