Quarta-feira, 2 de Março de 2005
"Tamanho do cérebro dita muito do insucesso escolar", foi assim que um estudo efectuado no Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra brindou toda a gente com o atroz regresso do geneticismo, encontrando uma relação entre perímetros cefálicos maiores nos rapazes e boas notas. O sucesso como uma dependência de factores genéticos. Mas a grande questão será responder primeiro a uma pergunta basilar, o que é a inteligência? E ninguém sabe o que é. Há quem diga até que há agora uma inteligência chamada emocional, que sempre houve.
Acontece também que esta investigação não teve em conta o facto de pessoas vivas não serem pessoas mortas. Uma pessoa não é um osso. As pessoas vivas são muito mais complexas que as pessoas mortas, e o número das variáveis tornam-se imensas.
Não chega debruçaram-se sobre as médias de dez disciplinas de alunos da Escola Básica 2/3 Guilherme Stephens, da Marinha Grande, ou o facto de a maioria dos pais pertencer ao mesmo estrato social. Como se tentando controlar a influência das variáveis externas, colocando todos os alunos em condições semelhantes, seleccionado apenas jovens que nasceram com mais de 2500 gramas, amamentados a leite materno, pertencentes a famílias biparentais, dextros, sem disléxia e sem problemas de visão, elas fossem realmente controladas.
Analisaram-se também as médias do 1º período, altura em que "não há ainda pressões sobre os professores para passar os alunos", explica Hamilton Correia. O que é interessante aqui, é ver até que ponto o investigador ignora os motivos pelos quais os professores avaliam os alunos, que cada vez mais tem menos a ver com o seu desempenho escolar. Terá avaliado também a inteligência dos professores? E mais importante que isso, a sua própria inteligência?
O passo seguinte foi medir a estatura e o perímetro cefálico dos jovens. Até se concluir que, sobretudo nos rapazes, os de maior perímetro cefálico eram os de notas mais elevadas. Que grande estupidez...
fernando