Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2006

a grande e pequena europa

papa joão paulo II.jpg

antónio (in jornal expresso)

hoje há um grande problema no mundo. é evidente que há outros. mas, no meio de muitos outros problemas, como fazer com que duas civilizações se entendam, a europeia e a árabe?

o ministro dos negócios estrangeiros português parece ter uma solução, um campeonato de futebol.

rídiculo, como ridícula e violenta tem sido a história de todos os diferendos intercivilizacionais, onde o ocidente tem tido permanentemente o principal papel, desde a fundação do cristianismo. Em termos cinematográficos tem sido o produtor, o argumentista, o cineasta, o principal actor, o distribuidor, etc. o filme acaba sempre mal, com o ódio dos vencidos.

esta sede de poder ocidental, de alargar a sua propriedade, a sua influência, os seus recursos energéticos, americana por exemplo, é herdada da cultura europeia. derrida explica isso na sua obra "o outro cabo". a europa é um cabo da ásia. é pequena. no entanto, é esse o caso, quer recuperar a grandeza que nunca teve, depois do fim do colonialismo. e hoje a sua única grande arma é a diplomacia da sua (des)união multivocal e contraditória cada vez maior, que a faz estar ao mesmo tempo ao lado da américa e dos árabes. essa grande arma fá-la ficar, no entanto, sempre ao lado do seu filho poderoso, a américa. conseguiu resolver os problemas a leste, com dinheiro, e esses seus filhos voltaram cabisbaixos, abandonados e falidos.

o problema é que os árabes não são filhos da europa. não lhe devem nada e não querem nada dela, longe disso. têm a sua própria família, a sua própria história, os seus recursos. e querem ficar com o que simplesmente lhes pertence.


ps. há uns anos antónio, o cartonista do jornal expresso, pôs um preservativo no nariz do papa, a comunidade cristã indignou-se. ou seja, os que agora se intitulam detentores da tolerância e defensores da liberdade de expressão não o foram no passado. revestem-se da mais pura hipocrisia.


fernando


publicado por ... às 16:14
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3 comentários:
De Anónimo a 24 de Fevereiro de 2006 às 19:06
pois, a europa sempre foi hipócrita.joão
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(mailto:)


De ... a 16 de Março de 2006 às 22:03
De: Professor Praxedes <professor@antoniopraxedes.cjb.net>
Enviado: terça-feira, 14 de março de 2006 03:25:27
Para: fernandobarbosa69@hotmail.com
Assunto: À Coimbra, lugar dos estudantes. Ah, Coimbra, lugar dos estudantes.


Oi Seco,

Estou escrevendo para os Corsários e para minha amiga, em mensagem dirigida a você (Seco) por vários motivos, dentre outros, o fato de você ser o NO-Mor(e) (hehehe) e porque, na minha visão, você condensa o espírito dos Corsários de várias épocas distintas (não me peça para explicar isto).

Por aqui, na República das Bananas, tudo igual, como vocês bem devem saber: corrupção, violência, descaso, descomprometimento, ignorância, capitalismo selvagem, latifúndio, prostituição infantil, crise econômica, fanatismo religioso, libertinagem, etc. Tudo para dar errado.

Estou indignado com isto tudo, enojado. Canso de conversar com os alunos da licenciatura, explicar as coisas... Pensam (pensam ?) que sou maluco ou que vivo no mundo da lua – não têm compreensão... Tolos. Marionetes. Parece não ter jeito. Outro dia, facilitei um filme (Bowling for Columbine, do Michael More, sobre armas e a escalada de violência nos EUA), e não surtiu nenhum efeito conscientizador... pessoas de visão pequena, que não vêem que a realidade de lá é a mesma daqui (somos um imenso quintal). Ando triste com esse panorama. Pensei que o governo de esquerda iria dar um “basta” na situação, mas o horizonte ainda aponta somente ao Atlântico infinito; nenhuma solução, nenhum remédio. Contudo,

Me lembrei muito de Coimbra esta semana, das pessoas queridas, da Faculdade, da Alta, da Rua da Matemática. Pensei em voltar. Fazer o “caminho inverso”, como diz o poema do José Mario Branco; esquecer, largar, zarpar. Atitude covarde, pode ser, mas a força disto tudo que mencionei acima só sabe quem aqui está. Dói viver aqui: a dor da criancinha pés descalços no semáforo, ao Sol de rachar do meio-dia (45 graus); a impunidade dos ladrões e da banca; da falta de saneamento básico; das doenças tropicais, sazonais e epidêmicas; da falta de segurança nas ruas (a dor do cidadão); da prisão domiciliar... São tantas dores que seria preciso várias vidas para sarar. 170 milhões de vidas não são suficientes. É preciso 170 milhões mais um mais eu. Mas não dá. Mas não consigo. Mas não me deixam. Mas, não é possível!

Estou com saudades de Coimbra, da minha amiga que me chama de “m’nino”, dos meus camaradas corsários, dos meus amigos estudantes, das críticas ao governo português (seja lá quem venha ou quem está). Pelo menos havia poesia, ou qualquer outra coisa da alma, e valia muito à pena. Porquê, bom ou ruim, fácil ou difícil, foi constante, foi aprendizado. E, por força do aprendizado, talvez, não volte mais, mas não vê-los é que são elas. Estou ciente do meu dever, da minha obrigação de compartilhar minhas experiências, meu aprendizado... Porque antes de tudo, não fui aí apenas para estudar o Direito; fui estudar também o errado, o torto, o “mais ou menos” e algo mais, e voltei ciente de uma mudança profunda no meu ser, no meu “dever ser”. É por isso que sei que tenho que ficar.



“Lembrar o ‘Depois do Adeus’ e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal... lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição... Partir aqui, com a ciência toda do passado. (...) Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranqüila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes...”.



Dizer algo de trivial faz bem para a saúde e para demonstrar carinho. Não preciso dizer mais quê, no fundo, “estou bem”.

Saudações lusitano-tupiniquins,

Praxedes, ou Praxola (na linguagem corsária).


De jueguitos a 14 de Julho de 2008 às 02:01
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